Heider Matos / Fonasc . CBH

José Alberto Pinheiro Vieira conselheiro do Fonasc. CBH. Foto: Heider Matos

José Alberto Pinheiro Vieira conselheiro do Fonasc. CBH no Conselho Nacional de Recursos Hídricos relatou em entrevista os perigos da extração de gás de xisto. Segundo ele, os perigos da extração e exploração são muito grandes e não devem ser feitos sem, prévio estudo.

Confira a entrevista.

José Alberto falou das atribuições do Fonasc. CBH no CNRH, e, da importância em dar visibilidade ao trabalho da instituição. “O Fonasc dispõe de duas cadeiras no conselho nacional de recursos hídricos e dezoito cadeiras em câmaras técnicas. O CNRH possui dez câmaras e em quase todas temos duas vagas e em outras apenas uma. Há a necessidade de dar visibilidade a participação do Fonasc nas reuniões de câmaras técnicas. Esse vigilante tem que mostrar seu trabalho, para que seja não só conhecido, mas, contestado, para que se formem subsídios de novas participações e também para que tenhamos vitalidade de estarmos participando e contribuindo com o desenrolar dos temas que aqui são tratados.

O conselheiro relatou o papel da sociedade civil no combate à exploração indevida do gás de xisto. “A sociedade civil tem o papel de extrema responsabilidade. É importante que se diga que os aquíferos e toda essa parte geológica não são palpáveis. Então, as prospecções são feitas muito próximas de novas realidades. Fazemos uma prospecção em uma local, mas em outra região, a realidade já é outra. Não sabemos o que há lá embaixo, e, o que está acontecendo. O xisto pode estar debaixo do aquífero guarani, e uma prospecção de gás no xisto pode contaminar as águas pelo sistema que é usado, pela forma que é feita essa extração. E esse assunto já trouxe preocupações em muitos países, em alguns, houve um problema de contaminação de água muito grande, em função, do desaviso da utilização deste processo de extração do gás. E como sabemos o xisto, está presente em grande parte do subsolo brasileiro, então existe uma disposição em buscar essa riqueza. Só que os dispositivos atuais de captação do gás de xisto oferecem muitos riscos, além dos investimentos altos. Quem iniciar o processo não vai querer retroceder. Por que o investimento feito, será muito grande. Só que o custo ambiental também é muito grande. No momento estamos frontalmente contra qualquer ação desse sentido, afim de que nós possamos preservar a qualidade das águas subterrâneas, Para que por uma prospecção de pouco conhecimento deixe seqüelas irreversíveis para o futuro.

Sobre o Aquífero Guarani, José Alberto falou preocupado, os ricos da experiências feitas no Aquífero.“Qualquer ação hoje no aqüífero guarani é um temeridade muito grande, por que se temos o Guarani como a água do futuro das próximas gerações. Não podemos fazer experiências em suas proximidades. O aquífero é a pedra da rainha. Não podemos mexer nela. O trabalho da sociedade civil que o Fonasc. CBH representa, é fazer com que as boas águas permaneçam e que as águas que não estão boas sejam recuperadas. Nós precisamos de muita água. Na natureza o processo de recarga obedece aos seus movimentos e nem sempre tem lugares que podem fazer essa recarga” disse.

O conselheiro denunciou os discursos empregados para que haja a exploração do gás de xisto. “Temos que tomar cuidado com os discursos que estão sendo empregados. Pois são muito coincidentes, eles não podem derivar e nem deslizar para situações de risco como esta de retirar o gás de xisto”, disse.

Por fim, o conselheiro enfatizou a importância de mobilização e do apoio da sociedade. “A sociedade pode se mobilizar dando atenção à fala de quem está dentro desses colegiados. A sociedade precisa apoiar entidades como o Fonasc. CBH.  Precisamos que ela nos ouça, nos apóie e se intere dos perigos e dos riscos que estão correndo. Há vinte ou trinta anos atrás quando falávamos que os lixões era um grande foco de desenvolvimento de doenças, e, que trariam consequências a sociedade,  na maioria das vezes, não fomos ouvidos. Hoje percebemos que, os lixões, contaminaram as águas, além do próprio entorno de muitas cidades. Hoje existe uma preocupação muito grande para acabar com os lixões. È preciso tirar de debaixo do nariz da sociedade por que é um vetor de desenvolvimento de doenças, mas precisou trinta anos de trabalho e uma insistência muito grande de entidades como o Fonasc. Hoje estamos nos antecipando e saindo em direção contraria, de fazer procedimento dessa ordem principalmente com a tecnologia existente no momento”, disse.