Em entrevista à Rádio Ilha do Amor FM, Thereza Christina destaca a importância da comunicação, denuncia retrocessos ambientais e celebra parcerias que fortalecem a participação popular na governança hídrica.

Imagem: Reprodução / Fala Comunidade

Na manhã do dia 02 de fevereiro, foi ao ar a primeira edição de fevereiro do programa Fala Comunidade, transmitido pela Rádio Comunitária Ilha do Amor FM 106.3. O episódio contou com a participação especial de Thereza Christina, vice-coordenadora nacional do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc.CBH).

Durante o programa, Thereza Christina apresentou aos ouvintes um panorama histórico do Fonasc.CBH, destacando sua missão, visão e valores. Ela também abor-dou os desafios enfrentados pela sociedade civil na participação da gestão dos recursos hídricos, evidenciando a importância do fortalecimento dos espaços de escuta e decisão.

Em entrevista, a vice-coordenadora destacou que o Fórum manterá, em 2025, o mesmo empenho e dinamismo demonstrados no ano anterior, reforçando que a parceria com o programa Fala Comunidade tem sido essencial para dar visibilidade às pautas voltadas à governança das águas.

COMUNICAÇÃO E PARCERIA

Entre os principais pontos abordados por Thereza Christina, destacou-se a valorização da comunicação como ferramenta estratégica na construção de uma gestão hídrica mais participativa e democrática. Ela destacou que, no Maranhão, esse potencial tem se materializado em iniciativas exitosas, como o projeto Água e Debate, realizado em parceria com o Fala Comunidade, que se consolidou como uma experiência enriquecedora no estímulo à conscientização social e ao engajamento cidadão em torno das questões relacionadas aos recursos hídricos.

“Foi uma experiência muito rica que tivemos em 2024, e que desejamos replicar, ampliar e fortalecer ainda mais essa parceria”, afirmou ela.

Ademais, ela ressaltou a importância da rádio como um ator fundamental na governança das águas, destacando que a disseminação de informações é crucial. Segundo a vice-coordenadora, quem não tem acesso à informação permanece completamente alheio ao que está acontecendo, o que reforça a necessidade de levar o conhecimento à comunidade.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A CRISE HÍDRICA

Durante o programa, o apresentador Camilo Rocha abordou a questão das mudanças climáticas, chamando a atenção para os extremos vivenciados no Brasil, como a escassez de água em algumas regiões — situação que ele descreveu como um verdadeiro “reboliço climático”. Em consonância, Thereza Christina alertou para os impactos significativos dessas alterações sobre o ciclo hidrológico, ressaltando que vivemos um período marcado por incertezas e instabilidades.

Além disso, Thereza Christina fez uma reflexão sobre as razões que levaram o Maranhão a se inserir de forma tardia nas discussões sobre a gestão da água. Para ela, a percepção generalizada de abundância hídrica na região acabou retardando o engajamento, pois, como destacou, ainda prevalecia a ideia de que “se tem muito, não é preciso cuidar”.

A vice-coordenadora também destacou que, por muito tempo, predominou a falsa noção de que a água era um recurso inesgotável. “Hoje em dia a gente já sabe que esse conceito não é tão verdadeiro”, afirmou, acrescentando que todos — sociedade civil, empresariado e demais setores — têm direito à água, mas é fundamental lutar por esse direito.

MOMENTOS CRUCIAIS E DESAFIOS NA GESTÃO AMBIENTAL

Em sua análise, Thereza Christina refletiu sobre dois momentos marcantes que impactaram a sociedade brasileira nos últimos anos. O primeiro, a pandemia, foi descrito como um marco que afetou profundamente a vida das pessoas, alterando de maneira significativa a forma de agir, morar e trabalhar. A crise trouxe à tona desafios imensos, impactando diretamente a sociedade, modificando as dinâmicas sociais e econômicas.

Outro ponto destacado por Thereza foi o desmonte das políticas públicas ambientais durante a última gestão do governo federal, o que agravou ainda mais as questões relacionadas à preservação e à gestão dos recursos naturais. Embora o novo governo tenha assumido, a vice-coordenadora observou que ainda não foi possível estabelecer a questão ambiental como prioridade na agenda política, o que dificulta a implementação de ações eficazes e equilibradas tanto para a gestão dos recursos hídricos quanto para o enfrentamento das mudanças climáticas.

“Eu acho que esse é o maior desafio que a gente vem encontrando e que, nesses últimos anos, se afunilou de uma forma muito grande, devido ao desmonte de quatro anos de uma política muito perversa em relação às questões ambientais, onde nem se falava de participação social; não havia isso”, afirmou Thereza.

Ao abordar o contexto local, a vice-coordenadora ressaltou a atuação firme do Fonasc.CBH em conselhos e colegiados ambientais, como o Conselho Consultivo da APA do Itapiracó e da APA do Bacanga. Ela afirmou que, no cenário local, continuam a alcançar avanços, destacando que se mantêm firmes, competentes e sérios, sempre atuando dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

A edição representou um avanço significativo na parceria entre o Fala Comunidade e o Fonasc.CBH, consolidando mais um passo na construção de uma comunicação cidadã voltada à sustentabilidade dos recursos hídricos e ao fortalecimento da participação social.

Ouça a entrevista na íntegra acessando:

https://www.instagram.com/p/DFkxtgBO9fJ