Santuza Fernandes Rodrigues nasceu em Salinas, norte de Minas. Mudou-se com sua família para Belo Horizonte aos 10 anos, para a região da Savassi. Estudou em colégio de freiras, o Santa Marcelina, e depois fez o curso normal (ensino médio) no Instituto de Educação. Cursou Psicologia na Universidade Católica, e se formou em 1976.

Trabalha como terapeuta, palestrante e facilitadora de treinamentos de relações humanas. Desenvolve projetos na área da Educação, na área da Cultura e da Arte, e projetos relacionados ao empoderamento e ao combate à violência contra a mulher.

Co-fundadora e articuladora do SBC (Samba Bobagem Cerveja) grupo de amigos que realiza projetos sócio culturais: o bloco de carnaval, o mercado das pulgas (doações de roupas para população de rua, abrigos, comunidades carentes e creches), entre outros.

O SBC à incentivou a escrever crônicas, e daí surgiu o blog: sbccoletivo.blogspot.com… e, do blog, o livro “Diário do SBC”, com meu “apelido” de escritora Santuza TU. O livro conta a história do grupo e a construção de um “conceito de bem-viver”.

PANDEMIA E A SUSTENTABILIDADE: O QUE PODEMOS APRENDER?

Santuza Fernandes Rodrigues – O projeto da ONU Mulheres, Agenda 2030, que foi lançado mais ou menos no princípio do século, traz propostas para até 2030 caminharmos, nos baseando nos 17 itens, por exemplo, erradicação da pobreza, busca de equidade de gênero, trabalho. Dentro destes, 4 a 5 itens diz respeito ao Meio Ambiente e Sustentabilidade. Essa proposta da ONU, tem o intuito de nos fazer aprender e desenvolver esses objetivos globalmente. Mas, o Brasil passa por um momento muito triste e preocupante (professora faz desabafo em vídeo).

PANDEMIA E MEIO AMBIENTE: IMPACTOS MOMENTÂNEOS OU NOVA NORMALIDADE?

Santuza Fernandes Rodrigues – Eu espero que seja uma nova normalidade, uma nova ordem mundial, sobre essa questão do Meio Ambiente. Nós precisamos salvar o Meio Ambiente, pois enquanto a mídia está focando no Covid-19, muitas ações estão sendo feitas contra o Meio Ambiente, como na Amazônia. Uma nova normalidade deve ser construída, como movimentos e projetos, no nível municipal, estadual e federal para salvar o Meio Ambiente.

ALTERAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS PODEM RESISTIR NO PERÍODO PÓS-PANDEMIA? TENDO EM VISTA QUE TEREMOS QUE NOS ADAPTAR A UMA NOVA ORDEM, A NOVAS FORMAS DE RELACIONAMENTOS, SEJAM PROFISSIONAIS OU PESSOAIS.

Santuza Fernandes Rodrigues – Essa pergunta me remeteu imediatamente a dois filmes do mesmo autor, Ken Loach. O primeiro de 2016, “I, Daniel Black”, que retrata as dificuldades da tecnologia, a exclusão que a pessoa sofre em relação a esta evolução. O filme aponta, como uma das possibilidades, quase a única, a solidariedade com as pessoas, a empatia. Já o segundo filme, “Você não estava aqui”, de 2019, retrata a questão da terceirização. E é triste ver o que está acontecendo aqui no país, com as pessoas perdendo seus direitos trabalhistas, que foram duramente conquistados no século passado. Temos que retomar, pois a terceirização, faz a pessoa viver em um outro estado. Por exemplo, no filme, é retratado que o entregador, precisa carregar consigo uma garrafinha plástica para urinar nos intervalos das entregas, porque não tinha tempo. E o que acontece hoje, é que com a pandemia, as pessoas estão trabalhando mais no home office, do que antes e estão torcendo para que voltem logo a normalidade.

● QUE LIÇÕES TIRAREMOS APÓS A CRISE DA COVID-19?

Santuza Fernandes Rodrigues – Não sei, pois ainda está para acontecer. Eu sou uma pessoa por princípio otimista, mas estou em um momento oscilante. Quando penso de maneira otimista, podemos tirar muitas lições de empatia, de solidariedade, está acontecendo muito mais isso, mas também tem o lado da destruição. Talvez uma lição importante, seja sair do maniqueísmo, sair da polarização que estamos vivendo. Se a gente, conseguir sair dessa polarização, seria uma grande lição tirada do Covid-19.

A professora faz uma referência, que precisamos diferenciar, amigo de adversário e inimigo e cita Guimarães Rosa “Eu sou quando divirjo”, pois, a divergência é importante para o crescimento. Então achamos, que amigo não pode divergir e que quem divergir, está contra nós, é meu inimigo. Isso para mim é o princípio do Fascismo e precisamos combater. Agora por outro lado, penso que essas características contraproducentes do ser humano podem se acirrar, essa é a perspectiva triste. Precisamos reunir forças para caminhar em outra direção.

● APÓS A PANDEMIA VAI TER UM RUMO MAIS SUSTENTÁVEL OU SERÁ AINDA MENOS SUSTENTÁVEL QUE HOJE?

Santuza Fernandes Rodrigues – Depende de a gente procurar ir por um rumo mais sustentável, melhor construirmos este pensamento e como base temos os objetivos da ONU e trabalhar na direção deles. Um dos motivos que estou pensando, pessoalmente, neste tempo de pandemia, em me tornar uma candidata a Vereadora em BH, porque penso em um mundo mais sustentável, a diminuição da violência, mais equidade de gênero. Já faço projetos e ações nesta linha, mas estou gostando muito desta possibilidade. Por um mundo mais sustentável, mais unido, por uma sociedade mais harmônica, mais igualitária.

● QUAL SUA EXPECTATIVA PARA O FONASC PÓS PANDEMIA? QUAL SERIA O NOVO MODO DE AGIR?

Santuza Fernandes Rodrigues – Eu faço parte do Fonasc.CBH e acho que já trabalhamos nesta linha sustentável. Gosto das construções feitas em conjunto, e precisamos continuar trabalhando em conjunto, pois o mundo ainda não está construído e acabado. E precisa ser construído por nós mesmos, a partir de ideias compartilhadas, envolvendo todo mundo. E fortalecer o trabalho já desenvolvido com o Meio Ambiente e com a Água.