“Bajular poluidor sempre foi uma prática no Espírito Santo. “

 Quando a lama sobe

Por Renata Oliveira

Nessa quarta-feira (11), a Procuradoria do Estado acionou a mineradora Samarco na Justiça para que ela cumpra a intimação determinado pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema). Em entrevista coletiva, o secretário de Meio Ambiente, Rodrigo Júdice, afirmou que a empresa na cumpriu um plano de fornecimento de água potável para a população dos municípios de Baixo Guandu, Colatina e Linhares, entre outras ações.

Muito bonito, mas não convence. Agora que a lama está subindo, o governo do Estado quer mostrar pulso firme com as poluidoras? A política desenvolvimentista aplicada no Espírito Santo há mais de uma década, que faz dessas empresas parceiras de primeira-hora do governo, nunca apertou o cerco para que esses empreendimentos se adequassem. As fiscalizações, os laudos de infração sempre foram empurrados com a barriga pelos gestores dos órgãos ambientais em troca do “desenvolvimento do Espírito Santo”.

E isso não se aplica apenas à Samarco. Os esforços do governador Paulo Hartung em seus mandatos anteriores para atrair grandes plantas industriais para o Estado sempre foi visível. Essa coisa de cobrar as restrições a empresas que trazem prejuízo à saúde e ao meio ambiente sempre foram deixadas de lado. O motivo é muito claro e pode ser observado ao acessar a lista de doadores de campanha do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Algumas poluidoras, para não apostarem suas fichas no “cavalo” errado, distribuem igualitariamente os recursos entre os principais colocados na corrida eleitoral, para garantir a possibilidade de cobrar a contrapartida, independentemente de quem saísse vitorioso nas urnas. Bajular poluidor sempre foi uma prática no Espírito Santo.

Agora, porém, a classe política começa a perceber que uma ferramenta vem ganhando força no cenário político: as redes sociais. Que não adianta encher a mídia tradicional de patrocínio, calando a boca da imprensa. A informação chega e a população está cansada de pagar o pato pela irresponsabilidade e ganância da classe política.

A lama vai passar e as cobranças de adequação às poluidoras vão ficar no esquecimento. A tragédia de Mariana foi um triste episódio na história do País, mas com o tempo a água voltará à sua cor normal e a parceria promíscua entre o público e o privado será retomada a todo vapor. As cobranças de agora são só para inglês ver. Para mostrar para a população que o governo está comprometido com povo. Isso até a próxima tragédia.

Fragmentos:

1 – O Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão de estudos e formação política do PSDB, mais a Executiva Estadual do partido promovem nesta sexta-feira (13), o encontro Caminhos para Região Sudeste com o tema “Competitividade Brasileira em Mercados Globais”, no Hotel Senac, em Vitória.

2 – O evento, que integra as comemorações dos 20 anos do ITV, pretende apresentar e debater problemas e soluções do Brasil no mercado internacional e seus impactos na economia capixaba e na Região Sudeste.

3 – Além do presidente nacional do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, do mestre em economia Mansueto Almeida, o evento terá também palestra do governador Paulo Hartung.