O fim do mundo e a Gestão das Águas  no Piaui

                                                                         *Avelar Damasceno Amorim

                                                                 

Anunciaram que o mundo iria se acabar no dia 21 de dezembro de 2012. É o que disseram por aí. Não gosto de numerologia, mas o número 21/12/12 me assusta. É verdade que o mundo já “quase acabou” várias vezes, mas acredito que desta vez a profecia se concretizaria, e se iniciaria pelo Piauí.

Eu acho que o mundo vai “começar acabando” por aqui. Afinal, uma cidade que abriga o maior rio genuinamente nordestino, um dos melhores Shoppings Center do nordeste, a  maior avenida em linha reta do Estado (Av. Frei Serafim), o calor infernal (38 a 40°C) e que possui dois rios (o Parnaíba e o Poti) que já estão no leito de morte por falta de administração hídrica, se juntando no bairro Poti velho da capital para correrem juntos em direção ao oceano (o Atlântico), o resto do país não poderia deixar
de sediar esse tão falado mega-evento (FIM DO MUNDO).

Acho que teríamos uma fantástica explosão, de onde se formaria um grande buraco. Seria mais um grande buraco na cidade de Teresina-PI. Mas não deveríamos culpar o governador Wilson Martins, o  Prefeito Elmano Férrer por este acontecimento.Mas  não estranharia se eles colocassem a culpa em Deus.

Não me preocupo muito em morrer. Isso é natural. Terrível é deixar de viver. Parece que já ouvi isso escrito em matérias publicadas nos jornais, só que com palavras brilhantes de jornalistas sérios, comprometidos com o meio ambiente e os sem nenhum compromisso com a natureza. Eu  estou certo. Viver é bom demais!

Mas morrer no dia que o mundo vai acabar pode ser legal mesmo. É que você sabe que todos vão morrer, não em conjunto ao mesmo tempo. Mas se isso acontecesse à sensação de que você vai “se lascar” de forma conjunta é confortante. É muito solitário isso de morrer sozinho. Sai de retro!

A gente tem que chegar lá no céu é aos bandos, como num bloco. Será um celestial carnaval de Teresina, ao som de um bom trio elétrico, patrimônio imaterial da quase-extinta humanidade. Um lote de piauienses chegando, juntos, no lar do nosso Senhor Jesus. Imagine que farra! Mas chegar juntos não significa chegar unidos, porque piauienses ligados a sociedade civil, aos órgãos públicos e aos usuários de recursos naturais e a classe política é utopia. Ou você nunca ouviu falar na famosa corda de desunidos da classe política piauiense que existe por aqui?

Pois então, diante da certeza dos Maias, que ainda não aconteceu, mas que poderá acontecer com o planeta terra, resultante da ação do próprio homem, finalmente, poderei me despedir dos amigos, da família, dos meus filhos, da minha esposa, dos colegas de trabalho. Direi que amei a (quase) todos. Amei a vida, o Ríver Sport Clube do Antonio Mendes, o Flamengo Sport Clube do Pato Preto e o sorvete de bacuri. Peço perdão pelos meus erros e pelas feridas que abri em cada um de vocês. Perdão pelos
meus longos textos no jornal do SENGE-PI e matérias enviadas através do Facebook que quase ninguém tem paciência de ler – e pelo estupro corriqueiro da língua portuguesa.

Ah! A última coisa que farei minutos antes do mundo acabar? Escutar “Renato e seus Blue Kapes, os Beatles, Roberto Carlos, The Fevers, Luis Gonzaga, João Cláudio Moreno e Amauri Jucá. E depois de morto, como dito, “frevar” na chegada ao céu: “oh, oh, oh saudade, saudade tão grande,…De que adianta se o litoral piauiense, a serra da capivara, sete cidades e os biomas caatinga, cerrados e manguezais estão tão longe, a saudade é tão grande que eu até me embaraço…”

Será um fim do mundo com sonoridade eclética: rock no leito de morte para suportar a adrenalina do grand finale e frevo de Petrolina e Recife-PE e trio elétrico de Juazeiro-BA no post-mortem para descarregá-la.

É preciso saber morrer e ter consciência de que somos finitos. Já o frevo, trio elétrico e minhas músicas  preferidas isso sim, são imortais. Agora desejo UM FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO e um bom fim do mundo a todos!

* AVELAR DAMASCENO AMORIM  Engº Agrº M.Sc. Tecnologia de Sementes. Especialista em Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos; Diretor de Meio Ambiente do SENGE;Assessor Técnico da AGESPISA