
O Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (FONASC.CBH) lançou a cartilha educativa intitulada “Era assim ou foi veneno? Nossos corpos e nossos territórios expostos aos agrotóxicos”, com o propósito de fortalecer as comunidades tradicionais no enfrentamento da contaminação por agrotóxicos no Brasil. A iniciativa foi realizada pelo projeto “Impactos dos Agrotóxicos em Comunidades de Povos Tradicionais em Mato Grosso do Sul – Direitos à Saúde Ambiental e Humana”.
Fernanda Savicki, uma das autoras e pesquisadora da Fiocruz, destaca que um dos principais desafios na luta contra os impactos dos agrotóxicos está na dificuldade de correlacionar a causa aos danos. “Uma contaminação imediata ou aguda por agrotóxicos é mais fácil de identificar. Um vazamento de produtos tóxicos, por exemplo, pode causar a morte de plantas, peixes e animais ao redor. Contudo, não é muito fácil determinar se esta contaminação também é responsável pela diminuição da produção de frutas do pomar que está próxima ao terreno que sofreu a contaminação”, explica.
Diante dessa dificuldade, surgiu a ideia de desenvolver uma cartilha para auxiliar a compreensão das consequências do uso de agrotóxicos na saúde ambiental e humana. Segundo a pesquisadora, qualquer pessoa pode observar as mudanças em seu entorno, nas plantas, nos animais, na água, no solo e até mesmo em sua própria saúde. “A ideia é despertar esse olhar mais direcionado aos moradores das comunidades, porque eles vão saber melhor do que ninguém identificar as mudanças em seus territórios”, afirma Fernanda Savicki.
A cartilha é ilustrada e composta por seis capítulos que abordam temas como vigilância em saúde ambiental, vigilância em saúde, caminhos e alternativas, como denunciar e informações sobre o projeto executor. “Essa é uma oportunidade que temos para disseminar importantes informações de forma objetiva para um público amplo e diverso. As comunidades participantes do projeto receberão a publicação impressa e a versão digital ficará disponibilizada para download”, disse Alexandra de Pinho, coordenadora do projeto e pesquisadora da UFMS.
“Nosso desejo é que essa cartilha fortaleça as comunidades na resistência e no enfrentamento do problema do uso extensivo de agrotóxicos no Brasil. Além disso, trata-se também de propor outra maneira de produzir alimentos, mais saudáveis, respeitando a conservação ambiental, a diversidade cultural, e os povos originários e as comunidades tradicionais e camponesas”, finaliza Alberto Feiden, pesquisador da Embrapa Pantanal.
LANÇAMENTO NA 17ª FEIRA DE JUTI
A cartilha impressa será lançada durante a 17ª edição da Feira de Sementes Nativas e Crioulas e de Produtos Agroecológicos, que acontecerá em Juti (MS) entre os dias 21 e 23 de julho. Com o tema “Novos tempos para a agricultura familiar e a agroecologia”, o evento pretende incentivar a agrobiodiversidade em comunidades rurais e indígenas, além de promover a produção de alimentos saudáveis e garantir a segurança alimentar das famílias.
SOBRE O PROJETO
O projeto “Impactos dos Agrotóxicos em Comunidades de Povos Tradicionais em Mato Grosso do Sul – Direitos à Saúde Ambiental e Humana” é executado pelo FONASC.CBH (Fórum Nacional da Sociedade Civil na Gestão de Bacias Hidrográficas), coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem como parceiros a Embrapa Pantanal, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Participam do projeto as comunidades: Retomada Indígena Guyraroka, localizada em Caarapó; Aldeia Jaguapiru, localizada na Reserva Indígena de Dourados; Comunidade Quilombola Dezidério Felipe de Oliveira, localizada na área rural de Dourados; e o Centro de Capacitação e Pesquisa Geraldo Garcia (CEPEGE), do Assentamento Geraldo Garcia, localizado em Sidrolândia, Aldeia Cachoeirinha, de Miranda e Assentamento Ana Lúcia do município de Bonito.
Faça o download da cartilha e compartilhe!
https://drive.google.com/file/d/1UbPsRkeKT_WUOc5KaLEWbNLTmHN_lkbn/view?usp=sharing
