Na tarde desta terça-feira (17) a coordenação do Fórum Nacional da Sociedade Civil nos Comitês de Bacias Hidrográficas (Fonasc.CBH) recebeu com preocupação o pedido de desligamento da Federação das Associações de Moradores Urbanos e Rurais do Município de Japeri (FAMEJA), assinado pelo presidente Esdras da Silva, com a formalização do desligamento da Comissão Eleitoral do CBH Guandu.

Com processo eleitoral aprovado em plenária desde o dia 15 de dezembro de 2022, o CBH Guandu vem cometendo uma série de irregularidades, que se perpetram e se configuram em um verdadeiro acinte, sendo reforçado com os ocorridos durante o processo eleitoral ainda em curso, que resultou na saída de disputa do pleito por parte de uma das duas únicas instituições que concorriam no processo, a FEMAJA (a outra representante da Sociedade Civil é o Fonasc.CBH).

As eleições do CBH Guandu são para o triênio fevereiro de 2023 a fevereiro de 2026. Esdras alega que o pedido se deve a falta de paridade de votos entre os representante das instituições, e que depois de recorrentes e insistente tentativa de resolver a situação, teve seus pedidos ignorados pela coordenação CBH Guandu.

“Visto que na última reunião da Comissão Eleitoral ocorrida ontem, 16/01/2023, e a pedido do Segmento da Sociedade Civil, o qual a instituição pertente dentro da Comissão Eleitoral, foi proposto Paridade de Votos entre os Segmentos da Comissão eleitoral. Já que é sabido que a atual Comissão Eleitoral do Comitê Guandu não está composta de acordo com o Regimento Interno do Comitê. Sendo hoje composta de 6 membros, a saber: Três (03) membros do Segmento Poder Público, Dois (2) membros do Segmento da Sociedade Civil e Um (01) membro do Segmento Usuário de Recursos Hídricos. E ainda cabendo ao Segmento de Poder Poder Público a Coordenação e o voto de qualidade para o caso de empate em decisões (dispositivo já usado para não acatar proposta de prorrogação de eleição votada pelos Segmentos Sociedade Civil e Usuários). (Treco do documento entregue pela FEMAJA. Arquivo completo aqui).

Nos pontos levantados por Esdras, há omissões e falta de transparência no processo eleitoral do CBH Guandu, e que essas irregularidades, segundo Thereza Christina, vice coordenadora nacional Fonasc.CBH, existem desde a sua composição, portanto, já antes do processo eleitoral.

Para Thereza Christina Castro, vice-coordenadora nacional do Fonasc.CBH, o caso do processo eleitoral do CBH Guandu, reforça a situação já crítica que o comitê se encontra, com um processo aberto (ver aqui) de caso escandaloso de improbidade administrativa com o caso das Unidades de Tratamento de Rios (UTR’s) Queimados e Ipiranga, que recebeu um investimento de R$ 108 milhões de reais, sem que tenha sido feito os testes necessários de seguridade na região.

A situação do caso Guandu UTR’s Queimados e Ipiranga, despertou a preocupação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), que entrou com um pedido de Tutela Antecipada em Caráter Antecedente, o qual até o momento está tramitando sem desfecho favorável.

Diante da saída da FEMAJA do processo eleitoral para o CBH Guandu, aguarda-se o desfecho da situação, onde, até sexta-feira (20), o CBH Guandu deve divulgar a lista oficial das entidades que permaneceram no processo eleitoral ou mesmo, se o processo deve seguir com todas essas irregularidades.

Quanto ao Fonasc.CBH, a posição é a de exigir que o CBH Guandu regularize a situação periclitante, e deverá tomar todas as medidas cabíveis na lei para que isso se cumpra.