Vaticano: Brasileira defende preservação dos recursos hídricos

Foi ilustrado na Sala de Imprensa da Santa Sé, o “Dia de reflexão: Ouvimos um grito, unidos a Deus”, organizado pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz
Da redação, com Rádio Vaticano
Na manhã desta sexta-feira, 17, foi ilustrado na Sala de Imprensa da Santa Sé, o “Dia de reflexão: Ouvimos um grito, unidos a Deus“, promovido e organizado pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.Participaram na coletiva de imprensa, presidida pelo Cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, cerca de 30 representantes de comunidades atingidas por atividades minerárias, provenientes da África, Ásia e América.Como representante da América, a brasileira Patrícia Generoso Thomas, da diocese de Guanhães (MG), explicou o que a sua comunidade está fazendo diante dos violentos impactos sobre os recursos hídricos.
Intervenção “Nossas comunidades tinham à disposição muita água potável. Elas se organizaram em função dos recursos hídricos, construindo suas vilas próximas aos cursos de água. Especificamente na minha cidade, Conceição do Mato Dentro, temos 17 comunidades que sofrem pelos danos que a mineração provocou. Para extrair o minério é preciso rebaixar o lençol freático, bombeando água que vem sendo usada, em parte, no próprio processo de transformação do minério. Assim, a água pura e preciosa para a vida e a produção alimentar está sendo contaminada.”

Muitas famílias foram obrigadas a se retirarem dos locais onde viviam há várias gerações para dar lugar às cavas de minério e barragens de rejeito. Outras foram forçadas a conviver, cotidianamente, com a agressão ambiental e tiveram alterações violentas de seu modo de vida, de seu sossego e bem viver.

Mas a violência é ainda pior: em um momento de extrema escassez hídrica, as empresas estão utilizando a água até para transportar o minério de ferro da mina ao porto. “Por exemplo, o mineroduto Minas-Rio da empresa Anglo American inicia na minha cidade, onde há uma cava de 12km de extensão, e vai até o porto de Açu no Rio de Janeiro atravessando 32 municípios por 529 Km. Esse minero-duto utiliza 2.500 m3 de água por hora, o que seria suficiente para abastecer uma cidade de 220 mil habitantes”.

A água potável foi reconhecida como um direito humano inviolável e a comunidade já denunciou a violação desse direito em várias instâncias: nos órgãos licenciadores, fiscalizadores, nas Secretarias dos poderes públicos e até mesmo frente ao Relator Especial das Nações Unidas pelo Direito à Água e Saneamento.

“O Papa Francisco apoiou os movimentos sociais argentinos com seu lema ‘A água vale mais do que o ouro’. Nós, em Minas Gerais, dizemos ‘Minério não mata sede’”, conclui.

O encontro se realizou nos dias de 17 a 19 de julho de 2015 em colaboração com a rede latino-americana Igrejas e Mineração, com o tema “Unidos a Deus escutamos um grito”.
Participaram lideranças de 18  países: Chile, Peru, Brasil, Colômbia, Honduras, Guatemala, El Salvador, República Dominicana, México, Estados Unidos, Canada, Suíça, Itália, Moçambique, Gana, República Democrática do Congo, Índia e Filipinas.
Denúncias no Brasil
Uma das representantes do Brasil, Patrícia Generoso, expôs as violações cometidas por um empresa multinacional em Minas Gerais. Em entrevista ao Programa Brasileiro, Patrícia denuncia as consequências não somente ambientais, mas sobretudo sociais que a extração de ferro causa na região.
Na carta aberta, as comunidades expressam a preocupação a respeito da estratégia de aproximação das grandes corporações mineiras à Igreja institucional, ressaltando as contradições entre os discursos realizados em Roma por essas multinacionais e suas práticas locais, que continuam na maioria dos casos a violar os direitos humanos nos territórios.
Mais um passo para esta estratégia de aproximação será feito em setembro, aqui no Vaticano, como nos conta o Fr. Rodrigo Peret, da articulação da Rede Igrejas e Mineração:
Análise do Papa
As comunidades consideram lúcida e empática a análise feita pelo Papa Francisco em sua carta aos participantes, em que aponta que “o setor minerário está chamado a realizar uma mudança radical de paradigma”.
Enquanto a mudança radical não acontece, as comunidades acreditam que a Igreja não pode ser uma  mediadora  neutra  entre os atingidos e as empresas, pois consideram que “é praticamente impossível que haja um diálogo respeitoso e atento das empresas e governos para com as exigências dos mais pobres”.
Neste caso, os atingidos pedem o total respeito dos direitos humanos e das leis e tratados já existentes, bem  como a definição de novos  consistentes  instrumentos regulatórios, políticos,  jurídicos  e  econômicos, tanto em nível nacional como internacional.
Não à mineração
As comunidades reforçam ainda a importância de  garantir áreas livres da mineração. “Trata-se de  regiões de especial proteção ecológica,  comunidades em territórios pequenos que  seriam atropeladas por gigantescos projetos mineiros, espaços sagrados onde se celebram a  história de um povo e sua cultura, áreas de  particular beleza natural ou onde vivem  comunidades que já foram removidas  anteriormente, entre outras.” “As comunidades têm o direito de dizer  ‘não’ à mineração.”
Por fim, os atingidos afirmam que aguardam o documento que o Pontifício Conselho de Justiça e Paz redigirá, com reflexões e indicações a respeito dos conflitos provocados pelas atividades de mineração. “Esperamos seja um documento pastoral: poderá, de um lado, reforçar e empoderar as comunidades confirmando sua dignidade e seus projetos de vida; do outro; recomendar às igrejas locais a importância de educar ao cuidado da Mãe Terra, defender as vítimas dos conflitos e da criminalização, promover políticas e ações institucionais a proteção dos direitos socioambientais, bem como serem vigilantes na relação com as empresas”.
O encontro se realizou nos dias de 17 a 19 de julho de 2015 em colaboração com a rede latino-americana Igrejas e Mineração, com o tema “Unidos a Deus escutamos um grito”.
Participaram lideranças de 18  países: Chile, Peru, Brasil, Colômbia, Honduras, Guatemala, El Salvador, República Dominicana, México, Estados Unidos, Canada, Suíça, Itália, Moçambique, Gana, República Democrática do Congo, Índia e Filipinas.
Denúncias no Brasil
Uma das representantes do Brasil, Patrícia Generoso, expôs as violações cometidas por um empresa multinacional em Minas Gerais. Em entrevista ao Programa Brasileiro, Patrícia denuncia as consequências não somente ambientais, mas sobretudo sociais que a extração de ferro causa na região.
Na carta aberta, as comunidades expressam a preocupação a respeito da estratégia de aproximação das grandes corporações mineiras à Igreja institucional, ressaltando as contradições entre os discursos realizados em Roma por essas multinacionais e suas práticas locais, que continuam na maioria dos casos a violar os direitos humanos nos territórios.
Mais um passo para esta estratégia de aproximação será feito em setembro, aqui no Vaticano, como nos conta o Fr. Rodrigo Peret, da articulação da Rede Igrejas e Mineração:
Análise do Papa
As comunidades consideram lúcida e empática a análise feita pelo Papa Francisco em sua carta aos participantes, em que aponta que “o setor minerário está chamado a realizar uma mudança radical de paradigma”.
Enquanto a mudança radical não acontece, as comunidades acreditam que a Igreja não pode ser uma  mediadora  neutra  entre os atingidos e as empresas, pois consideram que “é praticamente impossível que haja um diálogo respeitoso e atento das empresas e governos para com as exigências dos mais pobres”.
Neste caso, os atingidos pedem o total respeito dos direitos humanos e das leis e tratados já existentes, bem  como a definição de novos  consistentes  instrumentos regulatórios, políticos,  jurídicos  e  econômicos, tanto em nível nacional como internacional.
Não à mineração